MEDICINA DA MULHER
Por muitos anos eu fiquei muito contida em escrever sobre as medicinas da mulher. O assunto é tão complexo e amplo que a minha forma de contribuição foi de fato meus estudos e cuidados com a mulher. Muitas coisas e desconstruções foram feitas porque percebi que a teoria é muito diferente da pratica diária. Foram mais de 32 mil mulheres, somando ao todo mais de 35 mil atendimentos realizados com ajuda de uma equipe linda.
Percebi que era mais complexo desconstruir para falar sobre o feminino e a mulher do que o Ayurveda em si. Quando resolvi me aposentar do consultório, tive mais tempo para escrever, estudar, pesquisar as medicinas da mulher e unir com toda a minha experiência e, então, comecei a ministrar aulas e cursos com este tema.
Uma das minhas intenções aqui é fazer com que este conhecimento chegue a mais mulheres e que mais mulheres possam multiplicar de forma responsável, ensinando sobre a individualidade única de cada uma, e que não adianta rituais e cuidados coletivos, porque acaba sendo muito paliativo e aflitivo. Assim aprendi nas medicinas orientais, nas aldeias indígenas em várias partes do mundo, no nosso sertão, nas terras mais afastadas onde as mulheres são médicas, curandeiras, fitoterapeutas, parteiras e muito mais. Ah, e claro que nas tradições mais antigas da Europa também aprendi.
Nesta caminhada, os cuidados com o feminino, com a mulher me despertou a querer lugares muito afastados e com pouca rota das modas. Entendi com a vida que o feminino é sagrado, sempre foi e sempre será. Que não chegamos a este sagrado por tantas crenças reforçadas, tanto fora ou dentre das rodas.
Uma vez uma sábia me disse que não há arquétipos em nenhuma das tradições mais antigas, arquétipos esses que foram introduzidos por homens na cultura do feminino a começar pelo Jung e outros europeus. Claro que muitas coisas também foram pautadas pelos Jesuítas com relação a mulher e que hoje se luta tanto contra algumas coisas, mas reforça cegamente estes saberes.
Sabia que as medicinas das mulheres inclusive a Chinesa, Ayurveda e I Ching foram distorcidas pelos Jesuítas? Mais tarde Jung se aliou a Richard Wilhelm, um cristão que transformou a ciência do I Ching em oráculo e a única coisa que eu digo que não é e nem nunca foi. Assim como a astrologia e seus arquétipos que destruiu o conhecimento verdadeiro e, para além, colocou um arco-íris que nem existe nos chakras.
Tudo isso me fez ver o quanto as pessoas buscam algo para curá-las, para amenizar suas dores e ficam praticando coisas que não fazem sentido nenhum e eu vejo a ilusão de tudo isso.
Nas medicinas e nas filosofias com mais raízes, nada disso existe, mas tudo que existe lá funciona. Vejo o tanto que as interferências fazem as pessoas se tornarem dependentes de muitas crenças e cada vez mais surgem coisas em nome destas medicinas que nunca existiram.
Além de todas estas modificações e crenças, o adoecimento foi se instaurando pouco a pouco e a cura e consciência muito ficando mais distantes cheias de mitos e crenças. Aqui, com vocês quero trazer o que mais se aproxima das raízes, falar sobre os aprendizados e sabedoria que me foram ensinados pelas minhas mestras e meus mestres por tradição oral.
Muitas coisas terão referências, mas outras não, porque foi recebido por oralidade. Portanto, eu prezo muito mais por estes saberes do que os limitados com comprovações científicas. Como pesquisadora, tenho acesso a muitas fontes científicas boas, mas eu evitarei ao máximo colocá-las aqui, pois muitas são patrocinadas por grandes empresas e indústrias apenas com interesses pessoais e não na saúde da mulher.
Caso você precise de comprovações, acredito que aqui não será o caminho mais adequado ao que procura. Neste espaço vamos falar de mulheres e os segredos das medicinas internas e alquimia da mulher. Eu gosto de falar aquilo que faz e traz sentido, ainda mais para quem tem o sexto sentido no útero, onde é sua a sede exclusiva.
Vamos trilhar um caminho lindo, respeitando a natureza da mulher e do feminino, desfazendo crenças e deixando espaços levando-as a mais leveza.
Cris Ayres