MEDICINA TIBETANA
O Tibete, a terra das montanhas de neve, outrora um reino secreto e isolado, tem um sistema de medicina secular, chamado Sowa Riga, que significa Ciência da Cura. Um conhecimento que já foi secreto e restrito aos monásticos, a linhagem deste sistema pode ser rastreada até, pelo menos, o primeiro século da Era Comum e segue ativo até os dias de hoje.
A medicina tibetana é um sistema completo e complexo que honra a profunda interligação entre corpo, mente, emoções e o ambiente exterior. Ser traduzida como a ciência de cura é um tanto ampla.
É necessário abordar cada uma destas áreas para vivermos uma vida harmoniosa e saudável.
A medicina tibetana foi ensinada pela primeira vez pelo Buda histórico — Buda Shakyamuni — há cerca de 2500 anos, na terceira roda do Dharma. É um dos sistemas médicos mais antigos do mundo e, no entanto, os seus princípios mantêm-se hoje tão verdadeiros e relevantes como sempre. Na verdade, a medicina tibetana tem muito para oferecer ao mundo moderno, com o seu entendimento das emoções e da forma como estas afetam os nossos sistemas físicos de maneira muito real.
A medicina tibetana tem uma grande contribuição na medicina chinesa por ter revivido muitas das suas bases mais sutis e, claro, ressurgiu com maestria dos medicamentos esquecidos no Ayurveda e que atuam direto nos Doshas. Ela preconiza e ensina que o propósito da vida é ser feliz. Ao usar esse tipo de medicina para o autocuidado, é possível tornar-se consciente de como seus pensamentos e comportamentos influenciam sua saúde e felicidade tudo isso regido com maestria pela mente. Esta sabedoria inclui filosofia, ciência e práticas curativas que podem ajudar a criar e manter uma mente e um corpo saudáveis.
São ciências secretas de magia, matemática, astrologia e muito mais, além da especificação importante em medicamentos vibracionais e diluições. É uma medicina do corpo e da mente, que não só trabalham o corpo físico e energético, mas o espiritual com tratados de expulsão de demônios, encantos, espíritos e fantasmas, numa abordagem mais completa e que faz uso de ervas raras cultivadas em grandes altitudes, mantras, mudras e muito mais. As ervas raras têm um poder vibracional muito grande e por isso são uma das poucas coisas que utilizo que vem de fora, ainda mais se for as de diluição que chega a equiparar-se a homeopatia.
Os Princípios da Medicina Tibetana
A medicina tibetana ensina que todos os seres vivos são compostos de energia e cada pessoa nasce com uma constituição ou natureza única (leia o texto As três energias secretas e os três tesouros), composta de três energias primárias: loong, tripa e baekan. Esses três aspectos, ou humores do corpo, devem ser equilibrados.
Loong é a fonte de energia que dá a capacidade do corpo de circular substâncias físicas (por exemplo, sangue), energias (impulsos do sistema nervoso) e substâncias não-físicas, como pensamentos, por exemplo. Esta energia é a função, mas lembre-se sempre se faz dieta pata substâncias físicas, sangue, músculo etc.
Baekan é caracterizado pela energia que estrutura, é o estado funcional de sustento pelo frio e é a fonte de muitas funções, tais como aspectos da estruturação da digestão, a manutenção da nossa estrutura física, a saúde das articulações e a estabilidade mental. Não é estrutura física, mas o estado funcional e mais uma vez ninguém come para estado funcional.
Tripa é caracterizado pelo calor, é a função da conversão e é a fonte de muitas funções, como a termo regulação, o metabolismo, a função hepática e o intelecto discriminatório. O sistema de medicina tibetana é uma arte e ciência que mantém essas energias primárias em equilíbrio com sua constituição. Cada um de nós tem uma constituição única, com ambos pontos fortes e fracos e, ao entender essa composição, podemos melhorar nossos pontos fortes e transformar nossas fraquezas. A medicina tibetana defende a existência de quatro princípios básicos: carma, sofrimento, cura e felicidade.
A Influência do Budismo
A medicina tibetana está profundamente enraizada na filosofia e psicologia budista. É uma prática extremamente eficaz de cura física com abordagem espiritual. Este sistema está mergulhado nos ensinamentos e na prática do budismo, mas podem ser praticadas por quem não segue o budismo.
A vida e a evolução são consideradas a causa básica da doença e os sintomas da doença. A Medicina Tibetana através de seus princípios budistas tem como objetivo curar e prevenir o sofrimento temporária e permanentemente através de seus métodos completos.
A medicina tibetana se concentra na cura da causa direta do corpo e da mente do paciente, e após descobrir a causa, são traçados tratamentos que podem conter ou não, remédios apropriados, dieta, comportamento e terapias para apaziguar o resultado das emoções aflitivas. A abordagem puramente física da medicina não foi considerada suficiente para erradicar as causas da doença; portanto, ensina a usar métodos que conscientizam e pacificam as emoções negativas, onde as positivas também são equalizadas. (Leia o texto dos Três tesouros).
A doença física, da perspectiva budista, está intimamente ligada à doença mental, social e espiritual. As emoções perturbadoras, como os três venenos mentais de apego, raiva e mente fechada, causam desarmonia nas energias corporais e podem provocar doenças. Para os budistas, quando a mente é libertada da ignorância e da ilusão, é considerada “livre de doenças”.
“Bodhisattvas deveriam aprender a arte da cura com o propósito de ajudar os seres sencientes, liberando-os do sofrimento”. O Buda
É inspirador pensar que os médicos tibetanos, ou quem estudou e se formou em medicina tibetana são treinados para expressar a perfeição da prática do Bodhisattva em sua prática médica, levando a entender os caminhos mais profundos da mente. O Buda da Medicina é visto como a fonte dos ensinamentos médicos e a inspiração para a prática médica adequada. No entanto, Sua Santidade Dalai Lama enfatiza que você não precisa saber nada sobre o budismo para se beneficiar da medicina tibetana e tratar outras pessoas com seus segredos e sabedoria.
Como funciona
Existem três técnicas principais usadas pelos médicos tibetanos para diagnosticar os pacientes. Estas são leitura de pulso, uma das mais profundas em camadas e conhecimento, análise de urina, perguntas e observações.
A medicina tibetana era praticada em todo o planalto tibetano, no Himalaia e na Ásia Central. Hoje é praticada em toda a Ásia e no Ocidente. Alguns tendem a considerar a medicina tibetana como o ramo tibetano da medicina chinesa, mas este é um sistema único e separado, que sim, sofreu muitas influências e influenciou também. Apesar da Revolução Cultural, da censura e da perseguição de praticantes, notavelmente a medicina tibetana permaneceu relativamente intacta e com os tibetanos deixando sua terra natal em busca de liberdade, esse incrível sistema de cura se espalhou por toda parte, porque na verdade a beleza de todas estas sabedorias estão dentro de pessoas e não em livros e clássicos que, apesar de importantes, contém apenas uma pequena parte, mas sempre reduzidas e que precisam de boas interpretações.
Há uma forte base da Medicina Tibetana em Dharamsala, onde sua Santidade o 14º Dalai Lama fundou o Men-Tsee-Khang (Instituto Tibetano de Medicina e Astrologia) em 1961. Esta faculdade de medicina possui curso superior em medicina tibetana com duração de seis anos, um programa intensivo para quem quer se tornar médico reconhecido. O conhecimento médico tibetano é resumido nos Quatro Tantras Médicos, um livro formalizado pela primeira vez no século VII e ensinado até hoje. De acordo com o antigo tratado do Conhecimento Médico Tibetano, o conceito tibetano de saúde e doença é ilustrado como uma árvore com dois ramos.
“O primeiro tronco lida com o corpo saudável. Tem três ramos, 25 folhas, duas flores e três frutos. O primeiro galho tem 15 folhas representando os três humores e seus cinco tipos. Estas são representadas nas três cores diferentes: azul, amarelo e branco, representando o pulmão, mkhris-pa e baekan, respectivamente”.
“O segundo galho tem sete folhas representando os sete constituintes corporais. O terceiro ramo tem três folhas, que representam as três excreções do corpo”.
“As duas flores representam a saúde e longevidade e servem como base para atingir os três frutos: realização espiritual, prosperidade e felicidade”.
“O segundo tronco lida com o corpo doente. É composto por nove ramos e 63 folhas. O primeiro ramo tem três folhas, que representam as três causas distintas específicas da desordem: apego, ódio e mente fechada. O segundo galho contém quatro folhas que descrevem as quatro condições que desencadeiam distúrbios: mudanças sazonais, influências de espíritos malignos, dieta e comportamento.
O terceiro ramo tem seis folhas representando as seis áreas de início de doenças. O quarto ramo possui três folhas mostrando as principais localizações dos três humores. O quinto galho tem 15 folhas, que ilustram os caminhos dos humores. O sexto ramo possui nove folhas representando as doenças humorais em relação à idade, local de ocorrência, período de maturação e mudanças sazonais. O sétimo ramo tem nove folhas, significando os nove distúrbios fatais. O oitavo ramo mostra 12 folhas representando as doze contra-indicações devido ao tratamento inadequado. O nono e último galho tem duas folhas, que representam desordens quentes ou frias. ”- Fonte: Instituto Men-Tsee-Khang, Dharmsala.
Quais são as diferenças entre a Medicina Tibetana, a Ayurveda e a
Medicina Tradicional Chinesa?
A medicina tibetana está mais próxima do Ayurveda em princípio e prática além da racionalidade. Todas as três tradições ensinam que é vital viver uma vida equilibrada e cada tradição de cura descreve o mundo físico e a fisiologia em termos de energia. A diferença entre elas é interpretativa do observador e observado. Nestas duas o observador vê o elemento e isso faz toda a diferença.
Tanto a medicina tibetana quanto a Ayurveda veem o sistema energético dotado de três energias primárias, enquanto a Medicina Chinesa (MC) tem duas energias, quente (yang) e fria (yin). A medicina tibetana e a Ayurveda usam uma terminologia diferente, mas sua compreensão das três energias primárias é semelhante.
A medicina tibetana, como a Ayurveda, explica como criar e manter um corpo e uma mente saudáveis para viver um estilo de vida iogue. Os iogues no Tibete desenvolvem o Yoga Tibetano, uma forma de yoga que se concentra na respiração, em exercícios de purificação e na cura da mente de acordo com sua medicina.
A medicina tibetana teve grande sucesso com doenças crônicas consideradas pelo Ocidente como incuráveis. Karl Lutz, um fabricante suíço de medicamentos, criou a Padma AG, uma companhia para produzir fórmulas curativas tibetanas em 1969 e começou a fabricar o PADMA 28, desenvolvido a partir da tradicional fórmula tibetana Gabur 25. A fórmula contém uma mistura complexa de substâncias ativas à base de plantas. Na Suíça, onde há uma forte comunidade tibetana em exílio, a fórmula é registrada como medicamento e é usada para tratar distúrbios circulatórios. Ensaios clínicos em fórmulas herbáceas tibetanas foram realizados usando PADMA 28 na Europa desde 1970.
Vários estudos também mostram um efeito positivo do PADMA 28 em outras doenças inflamatórias crônicas, como hepatite, cirrose hepática, esclerose múltipla e artrite reumatoide.
Pesquisas científicas mostram que o PADMA 28 é imuno-regulador, anti-inflamatório, protetor celular, antioxidante, antiproliferativo, pró-apoptótico, antimicrobiano, age na coagulação sanguínea e na agregação plaquetária. MAS PELO AMOR DOS DEUSES E DA SUA SAÚDE, NÃO TOME ABSOLUTAMENTE NADA SEM APOIO MÉDICO JUNTO A UM BOM TERAPEUTA. Estes medicamentos podem dar efeitos colaterais graves e possuem diversas interações medicamentosa. Aqui é só um conteúdo informativo e para conhecimento.
Outro ponto a ser reforçado: estas medicinas não veem, não entendem e nem denominam doenças, mas sim suas causas. Por isso seu conhecimento é amplo junto a gama de ervas que realmente inibem os sintomas de crescer e expandir.
“Em resumo, o conceito tibetano de múltiplos alvos faz uso de complexas combinações de ervas com muitos princípios ativos em baixíssima dosagem, agindo em diferentes processos metabólicos simultaneamente, contribuindo sinergicamente para os efeitos terapêuticos. ” – Fundação da Medicina Alternativa. O Médico e Pesquisador da Medicina Tibetana, Hebert Schwabl, trabalha com Padma.
Uma curiosidade é que tenho o tratado de fórmulas tibetanas, que se ensina muitas diluições de uma mesma erva, como cardamomo em muitas vibrações, tem as que só tem vibração da erva sem princípio ativo, isso parece com o que? Homeopatia.
A medicina tibetana nos traz de volta uma dessas lembranças perdidas de uma época em que as pessoas ainda tinham outro contato com a natureza, outro contato com o material fitoterápico e vibracional. Portanto, este conhecimento da Medicina Tibetana, que é tão bem sintonizado de acordo com os princípios energéticos, oferece muitos benefícios, especialmente em doenças complexas, em doenças que têm muitas causas, doenças crônicas e na prevenção de doenças que as pessoas poderão vir a sofrer em idade avançada.
A medicina tibetana é um sistema de cura iluminado que pode nos ajudar a preservar o bem-estar e a saúde, tratando a pessoa como um todo e nos protegendo das causas da doença através da compreensão dos princípios espirituais da doença.
Este dom da medicina advinda das altas montanhas carrega a fragrância dessa linhagem ininterrupta de paz e sabedoria, vinda da terra do leão da neve.
As medicinas internas têm cada qual sua beleza, sua sutileza para chegar ao mesmo ponto de cura, cada pessoa se identificará mais com uma, e eu quis estudar e pesquisar, porque acredito que tendo uma amplitude de sabedoria podemos ajudar de forma a olhar o horizonte e ajudar ao paciente trilhar o caminho com mais benevolência.
Cris Ayres